Optei pela Implantodontia na segunda vez que fiz uma especialidade. Antes de mais nada, devo dizer que passei por momentos de muitas dúvidas para escolher as minhas especialidades dentro da Odontologia. À primeira vista, na faculdade, a gente gosta mais de algumas matérias, odeia certas partes de outras e depois de 5 anos de formado praticando clínica geral eu ainda me vi um pouco perdido em relação a escolha da minha especialidade.

Eu já havia feito atualização em Endodontia, visto inúmeras palestras, trabalhado em uma dezena de consultórios, fiz curso de prótese total, trabalho voluntário em pronto socorro odontológico, trabalhava de segunda a sábado e ainda não tinha verdadeiramente me apaixonado por nenhuma especialidade.

Um belo dia, eu estava voltando de carona de um CIOSP (nosso Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo) com um professor da faculdade e amigo, Dr. Rodrigo Bueno e ele me convenceu a fazer a especialização em Periodontia com ele, sua área de atuação, em um curso muito bacana onde o pai dele, Dr. Francisco Bueno de Moraes era o coordenador, junto com um time “classe A” da Periodontia.

Periodontia raiz, sabe? Daquelas de deixar um calinho no dedo de tanto raspar. Eu me lembro da frase que ele falou, como se fosse hoje: “A Periodontia tem de tudo. Tem clínica, tem cirurgia, tem estética, tem orientação de higiene e toda base da prevenção, tem a parte de Medicina Periodontal que engloba a relação de doenças sistêmicas com doenças bucais.” Fechado. Bora cuidar de gengiva!

Ei, mas pera lá. Você não ia falar de Implantodontia? Claro! A minha história com a Implantodontia deriva da Perio. Então, nada mais justo iniciar o artigo assim. 

Dessa forma, foquei na Periodontia e tive uma aparente e significativa melhora de vida. A especialidade abriu minha cabeça que estava meio limitada às filosofias que eu havia aprendido na faculdade. Não porque as joguei fora. Pelo contrário. A especialidade veio para somar forças e em pouco tempo me vi fazendo apenas Periodontia, atendendo menos pacientes, porém, com maior tempo de consulta, mais qualidade e como consequência ganhando mais por isso.

Entretanto, por mais que tenhamos vontade, acabamos perdendo alguns dentes na Periodontia. Aí que entrou a minha vontade de devolver dentes de maneira fixa com o poder dado pela Implantodontia. Próteses móveis são boas soluções para devolver dentes perdidos, mas eu queria poder fazer algo fixo, quando possível e não ficar indicando para outro dentista devolver os dentes que meus pacientes haviam perdido.

Apesar de ter uma grande fascinação pela Implantodontia, ela me parecia uma prática longínqua. Há alguns anos, implante dentário era algo muito caro e bastante elitizado. Na minha cabeça eram gavetas e gavetas de pecinhas, parafusos, chaves e materiais extremamente caros como contra ângulo, motor e instrumentais cirúrgicos que eu teria que adquirir. Então, fazer implantes ficava sempre como um plano futuro que nunca chegava ao meu presente.

Em meados de 2012 ingressei em uma atualização em implantodontia com dois professores conhecidos e oriundos da mesma equipe lá da especialização em Periodontia. Naquele momento, minha visão “de fora” da implantodontia mudou radicalmente. Eu comecei a ver a especialidade “de dentro”.

Essa é a melhor dica que você pode extrair desse meu relato. Experimente. Viva a especialidade. Seja ajudando um(a) colega ou fazendo um curso. Tenha a experiência de auxiliar alguém em várias situações e preste atenção na rotina, nos processos. Minha percepção foi que minhas inseguranças eram comuns a todos e seriam vencidas pelo estudo, pelo treino e pela prática.

Dessa forma, a bagagem da Periodontia foi extremamente importante para minha formação como Implantodontista. Como já escrevi em artigos anteriores aqui no Blog da Cremer, Implantodontia é a soma da Periodontia com a Prótese. Do mesmo modo, aquele meu “medo” da infinidade de pecinhas e do investimento com materiais, nada mais é do que a própria Odontologia. Na faculdade a gente também precisa aprender sobre um monte de “pecinhas” e materiais que necessitam de investimento. Contudo, a partir do momento que eu me familiarizei com aquilo, consegui domar o “bicho papão” que eu tinha na cabeça.

Enfim, hoje trabalho diariamente com implantodontia, já experimentei vários sistemas diferentes e posso dizer que é uma linda especialidade, com fortes emoções e muito dependente de planejamento e treino. Atualmente, existem inúmeras possibilidades com cirurgias guiadas, fluxo digital, planejamento no computador, tecnologia de precisão nas tomografias e um mercado pujante, mais acessível aos pacientes do que era lá quando eu comecei. A Implantodontia é a minha especialidade favorita pelo valor agregado que podemos dar aos pacientes. Só, por favor, não contem isso para a Periodontia, pois ela pode ficar chateada.

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto