Artigo do convidado – Opinião – Dr. Rodrigo de Bueno de Moraes – CFO – Equívoco ou Fake News

Já que o CFO (Conselho Federal de Odontologia) não se dignou a fazer uma estatística básica, vamos ajudar a corrigir a sua manchete de jornal, no mínimo equivocada. CFO – Equívoco ou Fake News

Artigo recente no site do CFO -http://website.cfo.org.br/cirurgioes-dentistas-sao-os-menos-contaminados-pela-covid-19/http://website.cfo.org.br/cirurgioes-dentistas-sao-os-menos-contaminados-pela-covid-19/

A conclusão mais real e menos ufanista que a da manchete e do texto que “auto atribuiu super poderes ao CFO, como nosso salvador da Covid”, esquece mais uma vez da sua missão de defender o exercício mais seguro e precavido da profissão no país.

  1. Deveriam era estar representando junto aos demais Conselhos de Saúde e representações da política nacional. Assim, clamando por testagem em massa dos profissionais de saúde, dos nossos profissionais, dos auxiliares e seus familiares.

2. Deveriam estar lutando pela viabilidade de se manter abertos serviços de atenção à saúde em odontologia pelo Brasil. Dessa forma, não privando a população de atendimento. Da mesma forma, incluindo as universidades que atendem pacientes e que precisam de readequação, não de limites e exclusão do processo de atendimento.

3. Deveriam estar lutando pelas linhas de crédito a juros ínfimos e não anunciando fundos sem base, origem e conexões com a Odontologia. Deveriam também parar de agir forma discriminatória com estados e municípios importantes do Brasil.

Por exemplo, LEIA MAIS AQUI – Eleição do CFO com chapa única

4. Além disso, deveriam estar enfrentando os abusos e aviltamento dos custos de EPIs aos que atuam sobre o mocho atendendo pacientes nos 4 cantos do país.

5. Deveriam perseguir isenção de impostos e reavaliar os custos que temos em infindáveis taxas de autorização para a sequência dos serviços. Levando em conta a abrupta queda de renda na Pandemia. 

Entretanto, chega de conjecturas, vamos aos fatos da matéria publicada em seu site oficial.

Primeiramente, fica evidente o oportunismo de afirmar que “ O CFO fez pela prevenção da COVID entre profissionais da Odontologia” – o que é uma falácia desprovida de base que permita tal afirmação (que pode ser comprovada pelos próprios números que ele joga, mas não analisa), na sua matéria jornalística de qualidade questionável.

Com base nos dados atribuídos ao Ministério da Saúde, conforme citado no próprio texto, temos:

1. A evidente constatação de que a Odontologia testou muito pouco os seus profissionais perante as demais áreas da saúde para afirmar qualquer coisa (algo próximo a 2,3% dos inscritos foram testados, enquanto a Medicina e a Enfermagem chegaram a 12%). Curiosamente, o risco na exposição profissional ao contágio pela COVID-19 é praticamente o mesmo aos 3 perfis profissionais citados pelo CFO na sua matéria, com informação creditada ao Ministério da Saúde do Brasil.

2. Por outro lado, a proporção de testados versus infectados pelo COVID-19 foi de 36% para os cirurgiões-dentistas testados; versus 20% para os médicos testados e 18,6% para os enfermeiros testados. (Ou seja, a cada 10 dentistas testados teríamos entre 3 a 4 infectados ; a cada 10 médicos 2 infectados e a cada 10 enfermeiros entre 1 a 2 infectados)

3. A letalidade entre cirurgiões – dentistas testados foi de 0,065% , já entre médicos foi de 0,033% e nos enfermeiros de 0,06%.

Conclusão:

Falta testagem a Odontologia. O fato é evidenciado pela baixa proporção de profissionais cirurgiões dentistas que registraram passagem pelos testes oficiais, quando comparados com os médicos e enfermeiros submetidos a nível de exposição ao risco de contágio pelo Covid-19, no mínimo, similar ao da atividade clínica pela Odontologia.

Ademais, se compararmos os achados dentro de cada amostra (dos cirurgiões dentistas, dos médicos e dos enfermeiros) notamos o quão discrepantes estão os achados para infectados pela COVID-19 atuantes pela nossa categoria. Perante o observado nas profissões de saúde comparadas (com risco bastante similar de contágio pela COVID-19, caso da Enfermagem e da Medicina).

Concluindo, é fato que o CFO e as lideranças classistas precisam trabalhar muito mais pela defesa da atenção com a saúde na categoria que representam. Isso é do interesse da população do Brasil que necessita desses serviços de cuidados com a saúde à partir da boca, independente do COVID-19 e apesar do mesmo.

Um Abraço

Dr. Rodrigo Bueno de Moraes