Vamos de uma vez por todas desmistificar essa expressão muito utilizada por aí. Essa orientação serve para dentistas e pacientes falarem a mesma língua. Ademais, clareamento dental é feito com gel clareador, seja o realizado no consultório ou o caseiro. O que clareia os dentes é o gel e não a luz e muito menos o laser.

O Programa Bem Estar da Rede Globo abordou o assunto de maneira incorreta recentemente, gerando reboliço no Instagram de vários dentistas.

Há cerca de 12 anos, me lembro de ter adquirido, junto com um colega, um equipamento revolucionário em um CIOSP. Um aparelho para clareamento dental à laser. Ele prometia acelerar o tempo de clareamento dental feito no consultório com luz de LED e diminuir a sensibilidade que o tratamento poderia causar com laser. Além disso, você poderia oferecer o tal “Clareamento a Laser” aos seus pacientes. Algo diferenciado e tecnológico na época. Dentistas adoram novos equipamentos e muitos foram na onda, sempre pensando em oferecer o melhor para os seus pacientes.

Claro que havia pesquisas na época, mas aí com a evolução e novas pesquisas, estudos recentes de revistas qualificadas mostram que a luz NÃO parece melhorar a mudança de cor e nem acelerar a ação do gel clareador (independente de sua concentração). E outra: a expressão “Clareamento a Laser” pegou.  Apesar de sabermos que quem clareia é o gel e quem supostamente aceleraria o efeito seria a luz de LED e não o laser. Entretanto, colocar o laser na expressão chama mais atenção. Fica mais chique, mas induz ao erro.

Segundo a dentista Dra. Ana Cecília Aranha, pesquisadora livre docente do Departamento de Dentística  e do LELO (Laboratório Especial de Laser em Odontologia) da USP, “devemos inicialmente entender as diferenças entre as diferentes fontes de luz (Laser ou LED). Em seguida, buscar evidências científicas e compreender o dinamismo da ciência. Se no passado utilizamos luz para fotoativar, hoje as pesquisas mostram que não há necessidade de laser ou LED para atingir um resultado satisfatório. É importante conhecer o gel clareador que está utilizando e determinar um protocolo individualizado para cada paciente.”

E o Laser não ajudaria no combate a sensibilidade?

A sensibilidade pode acontecer, mas também pode ser evitada com correta anamnese, exame clínico e manejo de cada paciente.  O tratamento de clareamento deve ser sempre feito com cirurgião dentista porque em cada caso vai ser necessário pensar na concentração do gel, tipo do gel e por quanto tempo o paciente vai utilizar. Vale também proteger retrações e áreas de exposição de dentina, bem como trocar restaurações com infiltração e resolver dentes com lesões de cárie.

Alguns outros estudos chegam a mostrar que a luz de LED pode aquecer a polpa dental, apesar de ser conhecida como uma luz que pouco esquenta. Neste caso, pode causar sensibilidade e até problemas endodônticos mais sérios. Se o profissional for utilizar o LED, é necessário saber o protocolo adequado.

A ideia é que aos poucos deixemos de lado a expressão “Clareamento a Laser” para sermos mais honestos com nossos pacientes. Mesmo quando um programa de grande audiência na TV presta um desserviço para nossa classe, espalhando “oldnews” aos sete ventos . Enfim, posso reafirmar com toda certeza que clareamento a laser não existe.

  • Estudo:
  • Revisão sistemática e meta análise de clareamento dental no consultório COM e SEM luz – Veja AQUI

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto