A notícia que circula na Internet por meio do Estadão tem na manchete os dizeres “lábio paralisado para sempre”, o que é muito diferente de parestesia. E “para sempre”??? Porém, isso não vem ao caso. O que interessa é orientar os pacientes antes de qualquer cirurgia bucal, por menor que ela seja e dar todo o suporte necessário caso alguma intercorrência deste tipo aconteça.

Não existe exodontia simples. Sugiro a leitura de um dos artigos mais acessados do Blog Dicas Odonto – Parestesia, quando a anestesia não passa. Não deixe de ler os comentários para perceber como que os pacientes têm dúvidas sobre este assunto. As orientações pré operatórias ao paciente são fundamentais, tanto quanto o suporte pós operatório. No caso citado, uma paciente alegou estar com parestesia no lado esquerdo inferior após procedimento de extração dentária e entrou na justiça pedindo indenização.

“A perda da sensibilidade no lábio inferior e no queixo esquerdo em decorrência de procedimento cirúrgico odontológico reflete negativamente no bem-estar, na integridade física e na harmonia facial da vítima, configurando dano moral indenizável, sobretudo diante da irreversibilidade do quadro.” – Parte do entendimento do desembargador que analisou o caso.

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A parestesia é um risco cirúrgico e na maioria das vezes que acontece é reversível. Ela pode durar dias, semanas e até meses. Existe uma maior chance de acontecer em extrações de sisos ou na colocação de implantes dentários. Claro que tudo depende do dano sofrido pelo nervo e da região. O nervo tem uma recuperação extremamente lenta comparado com outros tecidos do corpo.

Isso nos chama atenção para duas ações administrativas importantíssimas: apresentar aos pacientes, antes de qualquer procedimento cirúrgico um termo de consentimento informado. Ele deve ser lido, explicado, assinado e anexado ao prontuário do paciente que também deve estar devidamente preenchido com relatório cirúrgico detalhado, intercorrências, datas corretas e assinado pelo paciente. Quando você vai fazer um exame como uma endoscopia no Hospital, você não assina calhamaços de papel?

Termo de Consentimento Esclarecido CROSPFaça o download aqui

Realize uma radiografia inicial – seja ela panorâmica ou periapical mostrando o estado em que o dente chegou até o seu consultório. Isso é fundamental. Radiografia é documento. Se a parestesia acontecer, dar todo o suporte para o paciente. Não deixar ele largado no mundo, dizendo que isso acontece. Existem medicamentos, aplicação de Laser e outros tratamentos no acompanhamento de problemas como a parestesia. Marque o paciente e avalie a evolução e a volta da sensibilidade.

O centro odontológico onde a paciente realizou a extração, neste momento do processo, está obrigado a pagar uma indenização de R$ 20.000,00 por danos morais e a paciente ainda exige que sejam pagos os tratamento de reabilitação. Mesmo tomando todos os cuidados, também sugiro que todo dentista tenha um Seguro de Responsabilidade Civil.

Um Abraço

Luiz Rodolfo

Equipe Dicas Odonto