Este ano de 2020 completo 19 anos de formado como dentista. Trabalho e vivo a Odontologia desde 1998, quando ingressei na Universidade Paulista, ainda moleque, com 17 anos. O mundo era bem diferente naquela época, assim como nossas perspectivas sobre o futuro em relação a profissão. Se você está se formando ou próximo de se formar em Odontologia neste ano, saiba que sua profissão vai mudar bastante e cada vez mais rápido. Os que vão sobreviver e ter sucesso serão aqueles com a capacidade de acompanhar essas transformações em meio aos altos e baixos da economia e do mercado.

Curiosidades históricas

Lá em 2001, bem na virada do século, o smartphone e os meios de comunicação como os conhecemos hoje não existiam. Nem as redes sociais. O Orkut só foi criado em 2004 e o Twitter em 2006. O email era uma ferramenta de comunicação que ganhava força, a banda larga havia surgido no ano 2000 e nada de rede de dados 4G. Víamos uma geração de dentistas mais clínicos gerais, que faziam de tudo. O dentista era visto como muito bem sucedido e os convênios odontológicos não tinham tantas vidas como têm hoje. Alguns ortodontistas chegavam a cobrar em dólar (sim, em dólar) por conta dos materiais importados. Isso diminuía o acesso de população em geral ao cirurgião dentista e as faculdades de odontologia eram bastante elitizadas.

Ainda na universidade, no último ano, me lembro de ter a perspectiva de me formar, trabalhar em consultórios de outros dentistas por um tempo e juntar um dinheiro para montar o meu próprio consultório. Como não tinha dentista na família na mesma cidade, o jeito era ir na raça e procurar emprego em anúncios de jornal ou no site da APCD. Esse era o objetivo geral dos meus colegas de sala também. Montar o próprio negócio e ser um profissional liberal autônomo.

Depois de cerca de 3 anos de formado batendo cabeça por aí e pegando bastante experiência clínica inicial, me juntei com um amigo de turma, minha dupla de cirurgia e montamos o tão sonhado consultório próprio. Fiquei por lá por cerca de 2 anos e por ser muito longe de casa e não estar valendo muito a pena para mim, vendi minha parte para meu amigo e segui conseguindo trabalhar no Pronto Socorro da APCD como dentista plantonista contratado. Dali para frente nunca mais deixei de ter a carteira assinada e trabalhar mais para empresas do que ser um profissional autônomo.

O que quero mostrar com minha pequena história resumida é que, às vezes, nossa profissão toma rumos totalmente diversos daqueles que planejamos inicialmente em nossas cabeças. Isso porque fiquei atento às oportunidades e busquei com muito esforço e estudo passar em um processo seletivo de uma grande empresa.

A virada do analógico para o digital

Nesses 19 anos vi a implantodontia ganhar tremenda força, presenciei a endodontia evoluir muito para possibilidade de tratamentos em sessão única com maiores taxas de sucesso, o surgimento e acesso do dentista a radiografia digital, as novas tecnologias de tomógrafos digitais e de alta definição e nos últimos anos o surgimento e consolidação do fluxo de trabalho digital na Odontologia. A DSD (Dental Smile Design) já possui um app para celular e outras tecnologias já estão formando uma biblioteca de sorrisos online. Impressoras 3D e fresadoras são protagonistas e cada vez acessíveis e presentes no nosso dia a dia. A Harmonização facial virou especialidade odontológica no ano passado e as mídias sociais são hoje uma grande vitrine da Odontologia, tendo como aplicativo principal o Instagram.

Hoje nos comunicamos muito rápido com whatsapp, a agenda e os prontuários estão indo para a nuvem, os pacientes possuem mais informação e acesso ao dentista. Há um crescente culto a estética facial, posterior ao culto ao corpo malhado que causou uma grande explosão do mundo da nutrição e da educação física. Quase tudo é “on demand” ou pode ser pedido para ser entregue em casa ou no consultório por meio do celular. Temos o Scanner intra bucal e Scanner de face. O mundo é mais dinâmico, com economia de tempo, previsibilidade, rapidez, maior eficiência, conforto para o paciente e precisão.

O que esperar da Odontologia para os próximos 19 anos?

Será que vamos ver uma Odontologia 100% digital e guiada? Como a realidade aumentada poderá auxiliar os tratamentos, diagnósticos ou mesmo as vendas de soluções odontológicas? Será possível que as consultas iniciais sejam à distância, algo como estamos vendo surgir na Medicina? Acredito que as mudanças venham para facilitar e padronizar nosso trabalho. Com objetivo de diminuir o tempo de cadeira e consequentemente, o tempo dos tratamentos. Veja que o dentista precisa entender bastante de computador, internet, marketing em redes sociais, gestão de negócios, programas de design dental, comunicação e aprender a mexer em novos equipamentos.

Repetindo o que muitos estudiosos falam de muitas profissões, quem tiver a capacidade de entender e acompanhar as mudanças do mundo vai conseguir se adaptar aos novos tempos. Quem ficar estático, vai ser deixado para trás, cada vez mais rapidamente. O que se fazia antigamente e faz a diferença hoje e sempre: realizar um atendimento bem feito, escutar os pacientes, trabalhar com ética e capricho. Essa abordagem não muda com o tempo!

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto