Uma técnica curiosa que ilustra bem o último recurso antes de condenar um dente. Com a popularização dos implantes e enxertos ósseos, a técnica parece obsoleta, porém, quem sabe um dia, algum caso do seu consultório pode caber certinho na indicação desta técnica?
Muitos irão ler a descrição da técnica à seguir e vão achar loucura. Para quê fazer isso se podemos colocar implante? Sabemos que muitas vezes, a vontade do paciente é de não perder o dente de jeito nenhum. Essa técnica reflete o último suspiro dental, quase que uma reanimação do dente que será extraído, tratado e depois colocado de volta no alvéolo. Cuma???
Vamos exemplificar uma situação de caso clínico: Dente 46 com endodontia mal realizada, canal com degrau e uma obturação totalmente insatisfatória. O retratamento endodôntico já foi realizado sem sucesso. Alguma perda óssea vertical e impossibilidade de obturação retrógrada na boca por causa da região do nervo alveolar inferior e o mais importante: O paciente quer manter o dente (seja por motivos emocionais, de saúde geral, de tempo hábil para resolução do caso ou financeiros). A indicação é extremamente específica e ainda não pode ter um acúmulo de cálculo significativo na raiz.
Resumo da técnica (feita na maioria dos casos por especialistas em endodontia) – Anestesia; luxação do dente sem comprometimento do alvéolo; exodontia (com fórceps para trabalhar na raiz deste dente, segurando-o pela coroa com o fórceps); Apicectomia das 2 raízes; localização dos canais com ultrassom endodôntico; obturação retrógrada com amálgama ou melhor ainda com cimento MTA; reposicionamento do dente no alvéolo (reimplante), sutura e se possível uma pequena contenção. Importante: Não tocar a raiz com os dedos. As chances de sucesso podem ser melhores se o dente ficar fora da boca por apenas 7 minutos (há relatos de dentes que ficaram até 15 minutos fora do alvéolo).
O paciente vai estar ciente de que esta técnica tem uma porcentagem de sucesso pequena e que é uma tentativa. O dente fica fora de oclusão e o paciente deve morder uma gaze na região por 72 horas (vai trocando a gaze) e ter uma alimentação restrita à líquidos. Parece um grande tiro no escuro, mas se você jogar no Google – reimplante intencional você achará relatos de casos clínicos nos sites da Biblioteca Bireme e no LILACS.
Achei extremamente interessante por ser mais um artifício para salvar a vida do dente caso o paciente queira. A gente não pode “bitolar” e fechar a cabeça para técnicas alternativas, pois não seremos profissionais mais completos e com mais opções na manga. Hoje em dia é tudo “exodontia e implante” e alguns dentistas nem sequer pensam no custo benefício de técnicas como essa ou em uma rizectomia, por exemplo, ou em outras tentativas de salvar o querido dente.
E você, já realizou essa técnica? Já tinha ouvido falar? O que acha dela? Deixe sua opinião abaixo para abrilhantar nosso Blog!
Agradeço ao meu colega e amigo Dr. Eduardo do Plantão Odonto que trouxe este assunto à tona.
Um Abraço,
Equipe Dicas Odonto
Muito interessante essa técnica de transplante. Meu professor de cirurgia nos mostrou um transplante que realizou durante a sua graduação. A técnica envolvia os dentes 38 e 36 , o 38 foi extraído para ser transplantado no lugar do 36 que se via com comprometimento de coroa, ambos foram extraídos no mesmo momento. Com o relato dele e por meio de fotos foi possível ver como é lindo rs. Nas consultas após a cirurgia observaram que o dente permaneceu sem mobilidade clínica, por tanto sucesso \o/
Bom dia galerinha…
Eu já tinha ouvido esse técnica meio por alto, parece realmente interessante.
Agora, no que se refere ao transplante dentário, eu to acompanhando um caso de um colega que a 2 anos realizou o transplante, a principio está ótimo, mas pra mim tanto um quanto o outro é questão de tempo.
me formei na un. fed. do paraná em 1972. Ainda exerço. No meu tempo os dentistas verdadeiros amantes e estudiosos da profissão faziam tudo em clinica geral. Havia poucos especialistas, com poucas exceçoes como ortodontia e endodontia.Tive o privilegio de estudar com os mestres dr. Gino do hospital das clinicas, dr.Mario Graziani, santa casa de SP, dr D`Otaviano , Puc campinas , dr. Ygar, e outros baluartes que fizeram o nome da Odontologia. Nos traumatismos faciais, usavamos placas de sherman, fios de aço, parafusos de rosca soberba, amarrias dente a dente `a mão (não havia arco de Erich); Realizamos muitos implantes de germe do 18 para 16, amputações de raizes de molares,oburações retrógadas, fixações externas em fraturas mandibulares, enxertos ósseos, com bons resultados. As técnicas endodonticas eram outras, os epis não existiam, as radiografias eram ruins, os motores não eram especificos, mas existia uma grande vontade e dedicação aos pacientes. Todos os casos eram discutidos, analizados e planejados antecipadamente.Hoje, as especialidades cresceram e virou comercio. Um curso de buco maxilo chega a custar 100 mil reais, e muitos não chegam perto da grade normal das antigas universidades. Os novatos especialistas tomaram o lugar dos dentistas com bagagem e experiencia (claro que existem exceções, não generalizo).Só acho um exagero especialidade de odontologia legal, do trabalho, neonatal. Chegaremos um dia a ter especialista só da arcada inferior…..do lado direito). Sou do corpo clinico de hospital regional e pratico odontologia multidisciplinar (quando entrei, o dentista não podia pedir exame de rx e muito menos solicitar exames auxiliares) ; após grande luta, mostrando conhecimento, adquiri o respeito dos medicos, inclusive auxiliando em cirurgias oftalmologica, neurologicas, otorrino, e cir. plastica. Cheguei a chefe do departamento de cir. buco maxilo, oftalmologia, otorrinolaringologia em meu hospital, por muitos anos.Hoje se fala em dentista nas UTIs, de grande importancia, mas sempre tivemos aqui. Caro colega, só disse tudo isso, para mostrar que com vontade, dedicação e muito estudo, podemos fazer que a ciencia odontologica promova o bem estar, o conforto, e alegria de viver a seus pacientes, os quais nunca o esquecerão. Hoje é mais fácil, devido a alta tecnologia e equipamentos modernos, mas sem o dom e o sacerdocio, não adiantará nenhuma especialidade. Minha homenagem também ao dr. Celso Machado (sorocaba), que me ensinou alem da profissão, a me comportar como paciente. abraços……
Muito obrigado pelo seu comentário, Dr. Roberto. A nova odontologia tem muito a aprender com os grandes veteranos como o senhor.