Talvez como uma herança maldita dos tempos da graduação, talvez uma tentativa de compartilhar responsabilidade. Você ainda manda cartinha ao médico pedindo “autorização” para realizar procedimentos? Se a resposta para a pergunta é “sim”, então está na hora de você rever seus conceitos.
O cirurgião dentista tem total autonomia para decidir pela realização ou não de qualquer procedimento odontológico. O médico pode ser consultado em casos de dúvidas e em casos que seja necessário mexer com alguma medicação de uso contínuo do paciente. Nunca escreva cartas pedindo autorização para extrações, uso de anestesia local ou cirurgias com implantes dentários.
O dentista hoje precisa conhecer as particularidades dos principais problemas sistêmicos que acometem a população brasileira. Diabetes, hipertensão arterial, pacientes com problemas renais, pacientes transplantados, ou problemas cardíacos, entre outros. Cada qual merece um cuidado diferente. Podemos solicitar exames laboratoriais para sanar dúvidas e sabermos o exato estado de saúde dos nossos pacientes.
Escrever cartas pedindo “permissão” ao médico do paciente, além de ser um pouco degradante, mostra uma certa preguiça em investigar os problemas de saúde dos pacientes ou ainda, desconhecimento. Você dentista que tem que saber que tipo de anestésico vai utilizar na sua cirurgia. Se você vai receitar alguma medicação ou se vai optar por aguardar o momento certo para fazer aquela extração, por exemplo.
Tenho certeza que médicos dão risada quando recebem cartinha com pedido de autorização. Como algo protocolar eles indicam o uso de anestésico sem vasoconstritor, não é? E essa carta não exime o dentista de nenhuma responsabilidade e nem a compartilha com o médico.
Uma situação muito comum: paciente gestante comparece ao consultório odontológico de urgência com muita dor e o dentista faz o diagnóstico de uma pulpite. Ele vai ficar pedindo autorização para o médico para dar anestesia? Para medicar a paciente? Quanto tempo ela vai ficar com dor até o dentista conseguir esse contato via cartinhas de autorização?
Repito: tenha conhecimento e autonomia. Escolha o anestésico correto, realize o procedimento e prescreva a medicação com responsabilidade. A única coisa que não devemos fazer é modificar ou interromper medicações que os pacientes tomam por conta própria. Aí sim precisamos da autorização do médico.
Trabalhar junto com outros profissionais de saúde é primordial. Conversar, consultar e de repente tomar uma decisão em conjunto é muito saudável. Agora, pedir autorização, não.
Um abraço,
Equipe Dicas Odonto
Sou médico e encontrei a página por acaso, em pesquisa no Google, procurando saber se havia alguma orientação informal para que profissionais odontológicos agissem dessa forma, já que é a 2ª vez que me deparo com essa situação vindo da mesma instituição, na cidade em que trabalho. Não com pedido de uma consultoria/avaliação ou um manejo de uma comorbidade descompensada, mas uma autorização por escrito ou até mesmo pedindo que “assuma o risco” da cirurgia. É bizarro. Esses profissionais não parecem ter o título “cirurgiã(o)”.
A situação da risadinha é real. É o famoso “rir para não chorar” com esses pedidos descabidos.
Excelente post. Obrigado por dar um toque nos colegas que ainda fazem isso. Ainda bem que são poucos.
Obrigado pelo seu relato.
Sempre achei isso patético ! não é questão de solicitar autorização para médico pelo menos para mim não..
é saber o real estado de saúde do paciente como pacientes oncológicos, ou doenças mais invasivas.
vale lembrar que muitas vezes somos apenas prestadores de serviços e a maioria desses pacientes só procuram profissional pra sanar a dor ou “bucho” do momento.
Paciente não relata a história real pois sabe que vamos solicitar exames e precisamos investigar.. então a historia da cartinha e pro médico evidenciar o estado geral de saúde do mesmo.
consigo compreender os dois lados da moeda. Enfim bom texto serve para alertar os profissionais que fica solicitando qual anestésico utilizar.