Em saúde nada é simples. É impossível diminuirmos uma discussão filosófica, científica e diagnóstica às simples palavras “implante x endodontia” . Com algumas enquetes feitas com colegas no Facebook, pude confirmar a verdadeira dimensão da “caixa de ferramentas” da odontologia. Nada é preto no branco, não existe o completamente certo ou o totalmente errado quando falamos de opções de tratamentos, à não ser a nossa conduta com o paciente. Essa sim diferencia o verdadeiro profissional.
Essa parte de uma radiografia panorâmica foi apresentada para colegas dentistas discutirem sobre as mais variadas formas possíveis de tratamento para o problema do dente 46 (primeiro molar inferior direito). Mais de 60 colegas participaram dando suas opiniões. É óbvio que é impossível dar um diagnóstico preciso baseado em uma radiografia, sem conhecer o histórico clínico do paciente e sem um exame clínico completo, mas podemos fazer um pequeno exercício, para gerar discussão e termos diferentes pontos de vista. Não só sobre qual ou quais tratamentos podem ser realizados, mas também sobre qual seria a conduta perante ao paciente.
O objetivo dessa postagem não é definir qual é o certo e qual é o errado. Porém, fica bem claro para mim que existe um caminho a percorrer antes de decidirmos o destino desse dente. Será que ele ainda serve como base para uma nova prótese? Será que ele está categoricamente perdido? E se a gente fizer uma tentativa de salvar o dente pelas vias conservadoras e depois de 2 meses esse dente fraturar na furca e precisar ser extraído? Será que o paciente vai aceitar bem isso? Essas e outras indagações ficam perambulando na nossa cabeça enquanto pensamos nas várias maneiras de tratar este dente.
Seguindo pela via conservadora, temos quase que uma faculdade toda de odontologia para realizar neste dente. Procedimentos das áreas de prótese, endodontia e periodontia seriam necessários. Isso tudo levaria tempo. Um tempo de espera pelo início de regressão da lesão periapical, alguns colegas citaram. Outro tempo aguardando o comportamento do dente, deixando ele alguns meses com um provisório, outros colegas lembraram. E se o paciente for daqueles imediatistas, que querem resolver logo esse problema, mesmo que envolva ter que tirar o dente e colocar um implante? É errado extrair este dente para colocar implante? Sabemos que o implante não é a solução de todos os problemas e vale lembrar que existem algumas lesões naquele osso. Será que não é um risco, também, partir para o implante imediato?
Um colega me chamou atenção pelo seu comentário: “tomografia deste dente, primeiro.” Se existe dúvida e temos uma ferramenta fabulosa como a tomografia digital em alta definição, por que não utilizá-la para encontrar uma possível fratura de furca que possivelmente condenaria este dente de vez?
O que devemos fazer então? Apresentar as formas de tratamento viáveis ao paciente da maneira mais clara possível e decidir junto com ele. Essa é a hora de explicar tudo nos mínimos detalhes e de deixar claro que mesmo tentando conservar o dente, ele pode quebrar e um dia pode precisar fazer a extração. Tem paciente que ama seu dente de paixão! E tem paciente que vai querer se livrar logo deste dente.
A chave aqui está no diagnóstico preciso e no prognóstico. Aí depois de tudo isso ser considerado, vem a parte do preço do tratamento, que é outro fator que o paciente leva em consideração para a escolha do caminho à seguir. Não é uma guerra do endodontista contra o implantodontista, da endo contra o implante ou do conservador contra o radical. São formas variadas de se chegar ao resultado final que todos querem: um dente saudável, estético, sem infecção e em função mastigatória.
Muito Obrigado pela participação de todos e aguardo por mais discussão saudável nos comentários!
Um Abraço,
Equipe Dicas Odonto
Muy interesante el caso, y como dice el colega el procedimiento a realizar debe ser bien evaluado y discutido con el paciente.
Quero saber mais sobre implantes dentários, ósseos e de gengivas.
Obrigada.
Eu com certeza indicaria uma Tomografia,pq pelo exame radiográfico apresentado sugere uma fratura.Outros tomadas radiográficas poderíam ajudar tb.Mas Tomo seria definitiva.Na ausência de possibilidade de fazer tal exame se considerarmos local q mora e condição financeira,faria outras tomadas radiogáficas,não ficando segura removeria o trabalho protético,tentaria diagnosticar clínicamente,ainda sim se não tivesse resposta colocaria uma provisória e daria um tempo. Se houver fístula,radiográfaria com o cone de endo para direcionar a fístula,isso ajudaria tb!Se não confirmasse fratura,endo,perio,e nova prótese.
Removeria a restauração para poder avaliar a estrutura dentária e encaminharia para o endodontista para ele avaliar e retratar o canal, antes de condenar a extração. Radiograficamente não sugere fratura, mas teria que ter uma avaliação clínica e ser não for suficiente tomográfica, mas só indico implante em último caso, apesar de fazer implantes.
Eu vejo imagem sugestiva de fratura sim,pediria uma tomografia tb!
Não vi fratura de furca radiograficamente, mas antes da tomo, a restauração deve ser removida porque o metal do núcleo dificulta a visualização.
Claro que antes de qualquer decisão explicaria ao paciente e lhe daria as duas opções de tratamento e perguntaria o que ele prefere, tentar salvar ou partir direto para o implante. Explicando-lhe custos e cuidados posteriores. O meu dente, eu tentaria.
Existem dois tipos de tratamentos. O conservador e o radical. O conservador consistiria em remover a coroa e fazer um excelente retratamento de canal desse dente e, logo em seguida, após uma a duas semanas, colocar núcleo + coroa. Evidentemente, o paciente terá que ser informado e orientado das possibilidades de sucesso e das possibilidades de insucesso desse tratamento antes mesmo de iniciá-los. Seria, portanto, uma tentativa, uma última possibilidade de mantermos o dente em sua função. Passados 6 meses do término do tratamento, faríamos uma tomada radiográfica da região e analisaria a regressão ou não da lesão periapical, principalmente, da raiz mesial. O tratamento radical, consistiria em fazermos a exodontia e aguardarmos 3 meses pra realização da cirurgia de implante osseointegrado e colocação de coroa de porcelana em até 72 horas (carga imediata). Essa última opção de tratamento, ao meu entender, seria uma opção mais rápida, segura e definitiva de tratamento.
Com tratamento endodontico insatisfatório e infiltração mesial e distal e ao sondar se não houver lesão de furca quase que descarto o risco de fratura.
Mas nada antes de pedir a radiografia periapical e bite wing pois muitos diagnósticos começam errados pela análise de uma imagem inadequada.
se confirmado retrato endodonticamente e nova coroa protética. Com certeza e com um prognóstico a longo prazo bem favorável ao dente.