Vamos entrar neste assunto delicado e muito comum por todo nosso Brasil. As Clínicas Populares ou mais conhecidas como Clínicas Pop trazem benefícios ou malefícios para os pacientes? E para a classe odontológica? Ajudem nesta discussão comentando embaixo do Post!
“Olha a extração, apenas 10 reais!”; “Fazemos dentaduras, bituração, canal”; “Aparelho! Colocação grátis, só paga a manutenção! Damos a documentação!” – Essas frases são ouvidas por aí perto das famosas Clínicas Pop. Um molequinho ou alguma senhora ficam gritando essas frases o dia inteiro e distribuindo panfletos em certos bairros mais afastados das cidades.
Primeiro de tudo é importante distinguir uma clínica que pratica preços populares e trabalha corretamente de uma Clínica Pop daquelas da pior espécie. A primeira tem um lucro diminuído por procedimentos, mas ganha no volume de atendimento, contando às vezes até com especialistas que praticam preços mais baixos. Se o trabalho é feito corretamente, dentro do que a ética, a vigilância e o CFO determinam, não tenho nada contra. A segunda é aquela bagunça.
A Clínica Pop irregular espécie sobrevive em locais onde a fiscalização não consegue chegar. Nela os dentistas atendem um número gigantesco de pacientes por preços absurdamente baixos – como a extração por 10 reais, por exemplo. Aí já se configura a concorrência desleal, porque para ganhar esse pouco num procedimento de extração, deve haver economia em biossegurança e em outras áreas, quebrando regras vitais do funcionamento de um consultório.
Pode ser que haja economia na esterelização (olha o perigo!), nos produtos para limpeza dos materiais e em outros locais. Já ouvi histórias escabrosas de dentistas que ficaram com dor no dedo de tanto dar anestesia e atender mais de 30 pacientes por dia na correria e de outros que até fingiam tirar uma radiografia, apenas para cobrar um pouco mais do paciente.
O ruim para a nossa classe é que o dono dessa modalidade de clínica geralmente nem clinica por ali ou às vezes nem é dentista. Ele contrata recém formados por porcentagens baixíssimas. Em alguns casos o recém formado ganha apenas 25 % do valor dos procedimentos. No caso, ganharia R$ 2,50 por extração dentária! Um procedimento cirúrgico que pode dar centenas de problemas e que o dentista fica responsável por aquele paciente.
Como o tempo é curtíssimo, as pessoas são atendidas com pressa, sem capricho e sem checagem. Daí que vem as próteses fixas com pino feitas sobre dentes que não tiveram o canal tratado, próteses mal adaptadas, restaurações feitas sobre tecido cariado, canais mal obturados – é um festival de iatrogenias que vai fazer o paciente sentir na própria pele que o barato sai caro. Dizem que o “orçamento grátis” veio dessa modalidade de clínica e se espalhou por aí.
Atrocidades como não esterelizar a seringa carpule e apenas trocar a agulha e os anestésicos de um paciente para o outro, demorar mais de 7 sessões para fechar um canal, não pedir exames complementares aos pacientes e ainda fazer canal sem radiografias são algumas que escutamos por aí. Eu trabalho em Pronto Socorro e recebo muitas dessas coisas diariamente. Em muitos casos é prejuízo para o paciente.
Resumindo:
Pacientes: Se o preço for extremamente barato, desconfie. Converse com os pacientes na recepção, peça para conhecer a clínica e etc. Na verdade, você sempre pode dar uma de curioso e ir conhecer a área de esterelização da clínica e pedir para o seu dentista lhe explicar como as coisas funcionam.
Dentistas: Não se vendam por mixaria. Eu sei que quando somos recém formados topamos qualquer coisa e esses 25 % acabam parecendo ser “melhor do que nada”. Pensem bem. O que vocês podem tentar fazer é melhorar uma clínica dessas, se tiverem paciência. Aos poucos imponha seu ritmo de trabalho, ensine o correto às auxiliares e vá melhorando a qualidade do tratamento. Peça materiais melhores para o dono – que às vezes usa materiais inapropriados por ignorância. Pode ser que você ganhe menos no início, mas vai ganhar muita fama mais para frente por fazer as coisas direito. E olha só – o dono da clínica vai ganhar junto.
Um Abraço
Equipe Dicas Odonto
Aprendi uma frase, que complementa seu texto: – O mais caro, nem sempre é o melhor, mas, o mais barato com certeza é o pior!!!
Ótimo texto. Abraços.
Dr. Wendel Castanhato
Odontopediatra
Crosp: 70.722
a conscietização deve tb partir do paciente q é o principal prejudicado….já tive pacientes que chegaram no meu consultório com um proisorio quebrado e queriam q eu confeccionasse outro sem cobrar…. detalhe nem fui eu q fiz o primeiro trabalho…muita coisa bizarra acontece na odontologia….
A sua descrição da “clínica pop” é bem completa, até visualizei a senhora ou o garotinho entregando panfletos e convidando o povo pra entrar e fazer uma avaliação “grátis”… 😉
E taí o “primeiro emprego” de muitos e muitos recém-formados… que Deus proteja ambos (dentista e paciente). Abraço, Luiz!
clínica popular decente, são poucas. o paciente tem que conhece-la, por dentro eu já vi dentista queimando material, após uso de exo em paciente, é uma vergonha valorize o valor pago que estudou, ou tapeou o pai e a mãe. um verdadeiro profissional não se vende por qualquer coisa, muito menos valores financeiros. voc\gostaria que fosse o teu filho atendido por um profissional, que não esterializa o material a ser usado em um procedimento, pense antes de atender o teu próximo, pois amanhã poderá ser teu filho.
um abraço, a todos que dão valores morais a profissão.
Assim que me formei, trabalhei por 2 meses em uma clínica popular, caí na balela de “vai, é bom pra pegar mão!” e a única coisa que eu peguei foi mais insegurança ainda, por ter meu trabalho tão restrito a alguns materiais de péssima qualidade, a um chefe que ainda que fosse dentista desconhecia o significado da palavra ética (ou fingia desconhecer), os finais de dias que eu imploraaava por um recibo do meu pagamento daquele dia e que nunca me foi dado. Saí. Não aguentei, aquilo era demais pra mim, quando deitava a cabeça no travesseiro a noite e sabia que aquilo não era o certo e não era o meu melhor. Tenho pena daqueles colegas que persistem, movidos único e exclusivamente pelo dinheiro.
Por sinal, ouvi esses dias que a nova moda em algumas clínicas populares é o PONTO A LASER. (sim, um ponto dado com o fotopolimerizador, acreditem).
Nossa! Essa do ponto a Laser é novidade para mim… eu sofri um pouco em clínicas pop no início da minha carreira. Foi um ótimo aprendizado sobre o que NÃO se deve fazer! Abs
Não mudou nada… passei por 7 em um ano… vendendo coisa que o paciente não precisa através de mentira, material usado sem autoclavagem, barata em gaveta de instrumental… em nenhuma delas tinha mais que um alicate corte distal, como orto atende atende 40 por dia, o alicate passa na boca de 40 com alquinho… não podia comprar cloro pra limpeza e higienização das cadeiras. Só piora com o grande crescimento do seguimento.
Quando recém formada eu também trabalhei numa clínica dessas por duas semanas, foi o máximo que aguentei.
Eu considero essas clínicas um câncer para os pacientes, que depois acabam tendo que procurar verdadeiros profissionais e aí sim, se verão obrigados a fazer tratamentos bem mais complicados para consertar a bagaceira que foi feita antes. Assim já vi mais de mil!
Ou, se não puderem ter acesso a um bom profissional, sofrerem as consequências em forma de dor, muita dor, mutilações, traumas, etc.
Agora, quem mais perde com isso? Os profissionais claro! Porque foi “aquele dentista” que não presta, que fez um trabalho vagabundo, e “dentista é tudo ladrão”, como ainda se ouve muito por aí.
A imagem da profissão é enegrecida por essas práticas, que são comuns, não são exceções, por mais absurdo que seja! É difícil até explicar quem sai mais prejudicado com isso, muito difícil, pois se torna um círculo vicioso entre recém-formados/pacientes/profissionais éticos, onde todos saem perdendo, TODOS.
Assina em baixo Dra. Lisandra. Obrigado por sempre deixar seus comentários por aqui, abrilhantando as discussões do Blog.
Já trabalhei em varias populares, muita coisa que tá escrito aí eu já vi. A questão é: o que o recém-formado pode fazer para não trabalhar em uma clinica dessas? Odiei todo tempo em que trabalhei nessas clinicas. Materiais não esterilizados, da pior qualidade, exodontias por R$5,00 e por aí vai…
Infelizmente, não vejo uma solução pro dentista que acabou de entrar no mercado de trabalho, a não ser, virar escravo na mão desses “cliniqueiros”.
“dizer que estou me prostituindo é facil, dificil é me arrumar um emprego melhor” (dentista que trabalhou comigo, direcionado à um fiscal do CRO)
Com certeza, é uma sinuca, mesmo. O estágio remunerado não é muito comum em nossa profissão, mas poderia ser uma solução. Logo que se forma, vai estagiar em alguma clínica grande e recebe uma ajuda de custo. Eu tive sorte e estagiei no Pronto Socorro da APCD, voluntariamente. Lá peguei mão para muita coisa que faço hoje. O dono de uma clínica dessas sabe que terá mão de obra para trabalhar em seu negócio sujo, por causa disso. Os órgãos reguladores em conjunto com as faculdades poderiam arrumar um jeito de ajudar nossos recém formados no início de profissão. Boa sorte e obrigado pelos comentários!
Caro Luiz Rodolfo, falou e disse.
Nada é mais ultrajante do que saber que ninguém o respeita como profissional em uma clínica dessas.
a conscietização deve tb partir do paciente q é o principal prejudicado….já tive pacientes que chegaram no meu consultório com um proisorio quebrado e queriam q eu confeccionasse outro sem cobrar…. detalhe nem fui eu q fiz o primeiro trabalho…
mutas coisas absurdas acontecem na odontologia!!!!.
O engraçado dessas reportagens é que sempre colocam a clinica ou consultorio popular como vilão da historia.Ja pararam para analisar quantas faculdades com péssima qualidade de ensino tem hoje? e “jogando” profissionais péssimos também no mercado? Um dentista que vai trabalhar em uma clínica popular e aceita nao esterilizar material é a parte certa da historia? se ele aceita fazer isso será que ele nao é tao ruim quanto o proprio dono que orienta a fazer dessa forma? A odontologia caminha para um estágio muito ruim nao por clinicas ou consultorios populares mas sim pela quantidade absurda de faculdades que temos hoje. Quem for digno e honesto e for trabalhar em uma popular nao vai aceitar nao esterilizar material, enganar pacientes, etc… Quem faz o lugarsao os proprios profissionais e nao o nome popular…
Eu acho que em toda profissão existem bons e maus profissionais, só que eu acho péssimo nos profissionais criticarmos as clínicas pop , muitos começaram ali como uma escola , aprenderam a fazer exodontias, moldagens , vivências mais a realidade daqueles que realmente precisam e não podem pagar, a minha empregada trata a anos nessa clínica que foi tirada a foto , ela fez a prótese em dois dias sim, ficou ótima , melhor do que eu fiz na faculdade que levei um ano pra fazer eu vendo que estava feia e o professor aprovando, porque era pobre não merecia respeito?, sou a favor de clínica pop pois nem todo mundo pode pagar uma fortuna no dentista , principalmente o assalariado. Essa clínica cobra na faixa de 50 reais a extração e a dentadura mais barata 800 o blog tem que se atualizar e vai verificar melhor , o dono é protético a 40 anos a clínica é super séria , minha empregada leva a família a anos e ficou super triste quando colocaram a foto da clínica. Respeitem os colegas, acho que se fizerem uma vistoria em Moema vão encontrar clínica bem desorganizada! A odontologia é para todas as classes!
Nada contra pobres terem tratamento odontológico. Nada contra esta clínica popular da foto. A foto foi trocada a seu pedido, então, Simone. Por favor, reler o segundo parágrafo. Obrigado.