O ultrassom periodontal é uma ferramenta importante na prática odontológica. Uma pontinha que vibra e joga água para evitar o superaquecimento ajuda na raspagem de tártaro e na remoção de manchas externas. Mas será que o ultrassom por si só remove todo o tártaro? Você tem certeza disso?

Muitos dentistas, principalmente periodontistas (aqui me incluo) não gostam do termo “limpeza”. Usamos, falamos, mas achamos que a palavra diminui muito o procedimento – Raspagem, Alisamento e Polimento Dental. Para o periodontista é um trabalho quase que artesanal, de paciência e conformidade na briga pelo restabelecimento da saúde bucal.

 

Essa raspagem visa a remoção do tártaro e o alisamento da superfície do dente para que este acumule menos placa e assim forme menos tártaro futuramente, evitando a “bola de neve” periodontal. Ainda existe muita dúvida à respeito de qual seriam os melhores instrumentais para esta raspagem e alisamento dental. Aí que entra a discussão sobre usar raspagem com ultrassom versus a raspagem com instrumentos manuais.

Do ponto de vista do profissional, recomendo aliar as duas técnicas na maioria dos casos periodontais. Alguns estudos mostram uma economia de tempo com o uso do ultrassom, se comparado a raspagem manual, obtendo os mesmo resultados. Porém, deve-se ter em mente que isso é obtido com as pontas de ultrassom corretas e afiadas. Aqui ainda não estão considerando bolsas profundas. Existem muitas pontas de ultrassom no mercado que não seguem os requisitos indicados. Cada caso deve ser avaliado separadamente, sempre. Eu evito usar o ultrassom em regiões de furca  ou em paciente com os dentes muito sensíveis, por exemplo.

Eu complemento minha raspagem com curetas manuais, porque o ultrassom quase sempre deixa resquícios de tártaro. Isso é uma observação clínica pessoal, levando em conta vários casos de doença periodontal que acompanho. As curetas ainda servem para o alisamento dental. As pontas de ultrassom podem causar riscos no dente, invisíveis a olho nu, mas que podem se tornar um “Club Med” de bactérias no futuro. 

Depois do alisamento com curetas ainda se faz necessário o polimento com taças de borracha, escovas de Robson e pastas profiláticas. Vários estudos comprovam que o polimento dental faz diferença no futuro acúmulo de placa, então nada de pular fases. Nem preciso falar que todos pacientes precisam receber orientações individualizadas sobre higiene oral.

Do ponto de vista do paciente, percebo que muitos ainda preferem a raspagem manual. Tenho o costume de perguntar aos pacientes qual dos dois ele achou “menos chato”. Talvez seja por causa do barulhinho do ultrassom que lembra o da caneta de alta rotação, ou talvez seja por culpa da sensibilidade ao procedimento.

Lendo essa postagem, os pacientes podem entender melhor sobre as técnicas de raspagem dental e não cair em contos da carochinha daqueles anti-éticos que anunciam “limpeza com ultrassom” nos sites de compras coletivas. O procedimento pode estar incompleto.

E você dentista, o que acha? Tem dúvidas? Leia alguns estudo que achei na Internet sobre o assunto, à seguir. Acadêmicos e especializandos em periodontia: sempre há espaço para novos estudos que visam esta comparação!

ARTIGO CIENTÍFICO – INSTRUMENTAÇÃO MANUAL x ULTRASSÔNICA

ARTIGO CIENTÍFICO – RASPAGEM MANUAL X ULTRASSÔNICA NA REGIÃO DE FURCA

ARTIGO CIENTÍFICO – AVALIAÇÃO IN VITRO DE DENTES TRATADOS COM RASPAGEM MANUAL x RASPAGEM COM ULTRASSOM x LASER

Um Abraço,

Equipe Dicas Odonto

Luiz Rodolfo